As demandas e pressões sobre os agentes de governança e gestão continuam a crescer. Nesse ambiente, as organizações precisam ter conselhos com capacidade de identificar as atividades essenciais e os ingredientes efetivos para o sucesso, além de buscar alcançar um equilíbrio adequado em termos de conhecimento multidisciplinar, tempo e dedicação.

Isso passa pelo crescimento ordenado, muitas vezes inorgânico, exigindo investimentos, em que a governança corporativa é um tema crescente, de interesse, tanto dos decisores, como dos investidores e demais partes interessadas, que procuram uma maior transparência das práticas e funções de supervisão do conselho, responsabilização dos diretores e uma maior eficácia dos agentes de governança. No entanto, as práticas de governança podem variar muito.

E embora as práticas de governança das empresas com maior capitalização de mercado, como por exemplo, as companhias do Novo Mercado da B3 ou as do S&P 500, possam servir como importantes indicadores de práticas emergentes, elas ainda são uma tendência de governança muito usual em grande parte de nosso mercado.

Como tenho reforçado de forma veemente, não podemos governar novos tempos sem novas práticas”, e isso deve ser entendido e assimilado pelas estruturas societárias e de governança.

Nesse contexto, destacam-se algumas das principais questões que provavelmente enfrentarão agentes de governança e acionistas, tais como:

– Estruturação cada vez maior de governança nos diferentes extratos das empresas, em especial as familiares
– Criação de uma estratégia fiscal sustentável
– Desenvolvimento de uma cultura organizacional resiliente e inovadora
– Gerenciamento de riscos e gestão de crises como fatores de vantagem competitiva
– Auditoria e monitoramento contínuos com orientação estratégica e análise de dados
– Estabelecimento efetivo de Programas de Compliance e Integridade
– Melhor acuracidade nas explicações em demonstrações financeiras
– Agendas e relatórios corporativos efetivamente orientados pelas melhores práticas
– Fortalecimento nas relações com investidores
– Tornar a segurança cibernética cada vez mais pervasiva na organização, como um processo de governança
– Ambiente corporativo proativo para fidelizar acionistas
– Construção de um ambiente de trabalho irresistível a talentos
– Efetividade no estabelecimento da formalização e materialização dos princípios básicos de governança em sua essência com adaptação para o século 21

Cabe aqui salientar que as questões acima passam, necessariamente, por:
– Composição do conselho de administração
– Capacidades dos comitês do conselho
– Estratégia orientada a novos contextos e performance com riscos associados, como responsabilidade efetiva dos agentes de governança
– Engajamento e ativismo de acionistas e famílias
– Sustentabilidade

Organizações devem, como condição primordial de continuidade e resiliência, buscar o estabelecimento efetivo da materialidade da governança para os novos tempos, em que seus agentes e acionistas dediquem uma parte substancial de seu tempo para estabelecer uma agenda voltada para o futuro, de alto desempenho, apresentando um impacto maior à medida que vão além do básico.

Devem também aproveitar o potencial estratégico dos agentes de governança e evitar apenas a revisão e aprovação da estratégia, através da formulação de questões inerentes que permitam fazer o melhor.

Nossas empresas, em especial as familiares (rígidas) de capital fechado, necessitam, em sua maioria, buscar compreender que os tempos e modelos mudam com frequência e de forma acelerada, trazendo sempre novas perspectivas para governança e seus agentes. Várias falhas e enganos corporativos e societários, baseados em conflitos de interesses e sistemas de condução de negócios, e um ambiente regulatório cada vez mais complexo, têm tornado mais agudo o foco na boa e verdadeira governança nos últimos anos pelo mundo.

 

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Vladimir Barcellos Bidniuk

Diretor da Moore Stephens Porto Alegre
Especialista em Governança Corporativa, Familiar, Digital e GRC
vbarcellos@moorebrasil.com.br